Mas foi no domingo


Ela acordou cedo para o grande dia. Domingo fora escolhido. Dez horas em ponto, porque os três zeros sequenciais lhe agradavam, era como se eles estivessem à sua espera, algo formal, no relógio preto e branco, retos e silenciosos. Pernas macias, pequenas, olhos pretos. Sorriso... Enigmático. Coração cliche. Perfume importado por um velho amigo, um velho amigo que já havia falecido e ela gostava muito dele. Era um amor. Ele tinha uma pele sensível e pelos escuros. Mas os olhos... Os olhos eram cinzas! Dançava bem e adorava leite, lembrava um gatinho que um dia andara pela casa a miar e filtrar as energias negativas. Morrera coitado, numa manhã preguiçosa, daquelas que se acorda tarde e a casa ainda cheira a sono, escura e mal-humorada. Situação familiar aquela. Os pensamentos quando assim, confortam, de algum modo. É assim que se acomoda quando o filme é longo e estrangeiro, daqueles premiados em Cannes ou Sundance. Nunca ganhara um prêmio, talvez o número de sorte desse azar. Era grande o dia, domingo.



(Tanara, março de 2007)

2 comentários:

Pedro Pan disse...

, eu assisti seu filme agora. com suas palavras ouço até a trilha sonora.
, beijos meus.

Pedro Pan disse...

, eu assisti seu filme agora. com suas palavras ouço até a trilha sonora.
, beijos meus.